domingo, 6 de novembro de 2011

Vulnerabilidade - A Habilidade de ser Vulnerável

Não é porque estou doente, nem porque eu moro longe, sempre fui acometida por um traço demasiadamente peculiar de minha personalidade, sou introspectiva, solitária e melancólica, sabia?

De muitas formas eu já procurei extinguir isso de mim, mas a verdade é que talvez eu realmente seja assim. Difícil demais de me abrir com as pessoas, muito mais distante do que as vezes eu mesma posso suportar, feliz.

Eu gostaria de ter mais dos outros, mas me isolo tanto, que talvez nem eu mesma tenho oferecido algo para doar. Mas doar, nesse momento  tão conturbado? Tenho impressão que fiz isso a vida toda, passei por cima da minhas fraquezas para estender a mão a quem eu sempre julguei mais necessitado do que eu. Mas hoje, quando finalmente admito estar mais necessitada (e é MUITO difícil admitir isso), meus amigos continuam à mesma distância.

Tento ser o mais compreensiva com as dificuldades e compromissos de cada um,mas eu preciso dizer que eu preciso de vocês, mais próximos.
E não sei ser mais direta do que isso, mas talvez, por necessidade eu aprenda.

domingo, 5 de junho de 2011

Depois da Batalha

Depois da batalha, os músculos vibram e adormecem,
A respiração cansa, e o cérebro entorpece.
Os olhos ardem e as mãos tremem,
O ar nos falta e a boca seca.

Depois da batalha, os sentidos se esquecem e a cabeça não entende,
O barulho ensurdecedor ensurdece,
O desespero mudo começa a formar palavras.

"O corpo quer, a alma entende"
A vida passa bem diante dos nossos olhos,
Como se fosse uma ópera silenciosa e sem repertório.

Acontece a entrega, a aceitação, o fim do Bom Combate
As lembranças começam a se esvair, parte a parte.

O fim chega em forma de adormecer,
Preparando o mundo para o renascer.

Remanescer, em mais batalhas.

sábado, 2 de abril de 2011

Depois do Começo

Como já diria o Poeta Renato Russo, "E depois do começo"?

Tenho trilhões de coisas em minha cabeça, uma vontade fulminante de escrever algo que registre o momento transcendental que estou vivendo. Depois que conquistamos alguma coisa, isso pode parecer o fim pois é um dever cumprido, mas na verdade é só o começo.

O amadurecimento traz uma porção de responsabilidades, às vezes fico pensando como seria se minha vida não fosse como é, mas sabe, acho que ela seria tão vazia quanto sempre foi, e deixou de ser assim que me apaixonei  pelo meu namorado-amante-marido-amigo, Maurício. Não é pra levantar a moral dele, mas a presença dele em minha vida, fez tudo prosperar no caminho que eu planejava. Se não fosse com ele, tudo seria mais difícil, mais solitário e mais sofrido, agradeço-o imensamente por isso.

O lado poético da vida é realmente como você a encara, as lembranças que você cultiva, as amizades que você carrega, as coisas que você aprende, as experiências que você adiquire. Passemos a viver então a poesia, sem nos importarmos com o começo ou o fim, porque um é a continuação do outro e o que é contínuo não tem fim.

"E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim [3x]
E depois do começo
O que vier vai começar a ser"
Será o que nós quisermos para nós, o que nós plantarmos em nosso jardim de planos, o que recomeçarmos a fazer quando o fim parecer próximo, o que terminaremos para podermos enfim, começar.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Essência do Fim

Para mim, durante o ano há três períodos de reflexão: Aniversário, Natal e Ano Novo, estes dois últimos por serem muito próximos um ao outro, acabam por se tornar uma só reflexão extensa. Pela criação que tive, é impossível não "re-questionar" a importância capitalista e materialista que esse período do ano tomou, mas hoje eu até abstraio porque essa ironia de enfatizarmos o valor de sentimentos abstratos e nos preocuparmos com bens materiais, já não é segredo para ninguém.
Mas presentear não é só um ato superficial capitalista, também é vontade de demonstrar nossos sentimentos por aqueles a quem queremos bem; é claro que nem sempre queremos bem àquele chato que tiramos no amigo oculto da empresa, ou do porteiro mal educado que fica um anjo pra ganhar caixinha de Natal, mas sim aqueles que presenteamos pois nosso coração assim deseja. Há muita pressão social para presentearmos a uns e outros, e muita pressão emocional para presentearmos aos nossos queridos, mas infelizmente a realidade da maioria não permite que se presenteie nem a um, nem ao outro.

Já o Ano Novo, na minha opinião, escapa um pouco disso, é a renovação explícita, é um início claro para a maioria de um novo momento, um novo ciclo, desejadamente melhor que o anterior. Eu gosto de renovações, fins de cliclos, jogar fora o que acabou (até se for um frasco de xampu, juro!), sempre simpatizei mais com o Ano Novo, porque no Natal sempre se quer estar com toda a família, e nem sempre isso é possível, sempre tem uma tia ou avó ressentida, alguém que vai dormir mais cedo... Essas coisas.

Esse texto tá enorme, acho que ninguém vai ler, mas pra quem ler, esta é a essência das festas de fim de ano pra mim.


Quero desejar a todos meus (poucos e especiais) leitores, uma vida maravilhosa! 
Natal e o Ano Novo representam a mesma coisa, os mesmo desejos, as mesmas esperanças em sua essência; nascer, renascer, amar ao próximo, renovar-se, estar em cristo, ter uma vida próspera e é isso que desejo a vocês!

Obrigada por terem me acompanhado durante 2010, e que em 2011 todos estejamos mais inspirados por coisas  boas em nossas vidas!


Vários beijos e abraços da meia noite!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Moral da História

Todo filme, todo livro, todo conto, toda fábula e até novela; TODOS têm uma lição, uma "moral da história", algo que as pessoas buscam, algum ensinamento que as faça viver melhor.
Seria bom se a vida tivesse uma moral ao final, uma moral que concluísse o que toda nossa existência significou, algo que deixássemos para as próximas gerações,  mas não é assim, nem no início, nem no meio, nem no fim. Não temos um roteiro, não sabemos que estilo literário nossa vida pode se tornar; romance, ficção científica, ação suspense, dramalhão mexicano, ou novelinha (quase) perfeita do Manoel Carlos, onde pobre, só é pobre porque usa roupa estampada!
Procuramos respostas para solucionar nossos problemas, procuramos o lado bom das coisas ruins que nos acontecem, e esta é nossa moral, o que fazemos com o que nos acontece na vida, e esta moral é um hábito (assim como a etimologia da própria palavra, que vem do latim mores [costumes], já diz), que pode ser repetido infinitas vezes apenas porque assim foi feito muitas vezes, sem se contestar o por quê de agirmos dessa forma.
Nossa existência se justifica em si própria, se preocupar com algo transcendental pode nos levar a uma utopia de que o mundo é justo, mas não é. O que aprendemos, usamos em nossas existências, e a moral da história nesse caso, é a conduta que seguimos ao longo de nossas vidas.

Moral da história... Qual é a moral da sua vida?






"Se não tem respostas para suas perguntas, é porque não está fazendo as perguntas certas"

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Após a tormenta sempre vem a bonança"

"Um ponto chave, um momento,
Uma situação crítica, um pressentimento

Uma fase, uma época, uma tendência que se observa.

Velocidade crescente, 
Deslocamento em parábola,
Movimento retilíneo uniforme,
Trajetória tresloucada. 

Impaciência, ansiedade e distração,
Incongruências de direção."


Entra ano, sai ano, coisas têm que mudar, coisas têm que acontecer, têm que melhorar, têm que enobrecer.
Cabe a nós "um pouco mais de paciência" (como cantaria Lenine), cabe a nós equilibrarmos férias com trabalho duro, equilibramos a realidade com os planos para o futuro, e então simplesmente viver, deixar acontecer e sermos otimistas em relação ao novo momento que nos espera.


Have Fun!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bananadas e o Crime

Numa noite, retornando para casa após um longo dia de estudos e trabalho,  ao entrar no ônibus me deparei com três figuras, que destoavam das pessoas que costumam estar no ônibus nessa hora; eram três adolescentes, dois meninos e uma menina, pobres, mal vestidos, não cheiravam bem, falavam alto, o português da rua. Os meninos de cerca de 18 anos, pareciam que tinham 15, pois eram magros e infantis, já a menina, desgastada, parecia ter mais de 20, mas não tinha.
O que me chamou atenção o suficiente para escrever sobre eles aqui, e pra eles continuarem a todo momento vindo a minha memória, foi a conversa entre eles; o português era ruim, mas a conversa foi clara, verdadeira, e me atingiu como um golpe de realidade. Eles falavam do seu dia a dia, diziam que os seguranças dos trens, metrô e afins não os deixava vender "a bananada", que diziam que tinham câmeras, e eles não podiam estar ali; um deles disse que naquela semana já tinha tomado três "duras", e que ele ficava "bolado", porque afinal só tinha "as bananadas" na mochila dele. Ele queria trabalhar honestamente, mas ninguém acreditava, ninguém permitia, ninguém respeitava, então ele disse: "Si eu tivessi robando já tava com mil conto no bolsu, num ia tá desse jeito, mas sô homi honesto, num vo me meter nisso não, mas é sacanagem o que eles (os policiais e seguranças) fazem ca gente". O segundo jovem disse que se eles estivessem roubando, não estariam passando fome, e o primeiro jovem, o mais falante, contou que a mãe dele fazia um pedaço de carne durar "o almoçu de um dia, a janta do dia, o almoçu do otro dia, a janta do utro dia, e ainda sobra um tantinho pro almoço do otro dia", que a coroa era braba, mas se não fosse, não teriam comida pra "quase" todos os dias.

Essa é a história, dos meninos que tentavam vender bananadas para comprar carne, e suas mães tentando fazer durá-las mais do que a fome. Torço pra que esses meninos continuem tentando conseguir dinheiro de forma honesta, sem se envolverem com o tráfico, ou outros crimes, mas se eles começarem a roubar, eu entenderia, afinal, eu tenho comida todos os dias e não suportaria ver minha família passando fome, mas eu, sou aceita pela sociedade, consigo um emprego pra evitar a fome, sem precisar me criminalizar, mas, e eles?

Pensem nisso, e vejam a marginalidade com outros olhos,
Não tenham medo deles, eles são crianças que não aprenderam a viver uma vida de verdade.
Nós temos o poder sobre nossas vidas, e sobre a vida deles também, porque nós temos o que eles não têm e podermos dar isso a eles enquanto eles ainda querem ser honestos.
Depois deles perderem a honestidade, eles viram notícia nos jornais, e perdem a humanidade.


Paz para o Rio de Janeiro, futuro para todos os jovens.


Ps: Torço muito para que a Polícia Pacificadora promova um novo começo na vida de muitas crianças.